Roger Hodgson voltou a Belo Horizonte no sábado, 25 de outubro de 2014, para um encontro que já virou tradição. Às 19h, no Parque das Mangabeiras, o ex-vocalista e principal compositor dos maiores clássicos do Supertramp subiu ao palco pela terceira vez aos pés da Serra do Curral. Não foi só mais um show: foi a confirmação de um vínculo raro entre artista e cidade.
O britânico costuma dizer — em outras palavras — que BH tem algo diferente: um público caloroso, que canta junto e se conecta com as letras. Essa relação, construída em apresentações anteriores, ajudou a trazer o músico de volta e deu o tom de reencontro. Para quem acompanha sua trajetória, ver esse retorno repetido diz muito sobre onde ele se sente em casa no Brasil.
Um reencontro ao ar livre em BH
O Parque das Mangabeiras foi a moldura perfeita. Em meio ao verde e com a Serra do Curral ao fundo, o cenário aberto favoreceu a troca direta entre palco e plateia. A escolha do lugar não foi por acaso: a atmosfera de um show ao ar livre muda a experiência, deixa o som respirar e potencializa coros em músicas que todo mundo conhece de ouvido.
O endereço — Avenida José do Patrocínio Pontes, 580, bairro Mangabeiras — já é ponto certo para quem curte ver música com Belo Horizonte inteira aos pés. Ao entardecer, a luz suaviza, os tons do céu ajudam, e há algo de cinematográfico em ouvir hits que marcaram gerações em um anfiteatro natural.
Mesmo sem conhecer o espaço em detalhes antes de chegar, o músico vinha empolgado com a ideia de tocar nesse formato. E faz sentido: suas canções, em especial as mais acústicas, ganham outra dimensão quando o ambiente trabalha a favor. O público, por sua vez, responde de forma imediata, e isso cria um círculo virtuoso — intérprete e plateia levam um ao outro mais longe.
Foi um show pensado para quem já tinha visto as duas apresentações anteriores e queria algo novo. Hodgson prometeu mudanças no setlist e cumpriu: incluiu You Make Me Love You e Had a Dream, faixas da fase solo dos anos 80 que não haviam aparecido nas outras passagens por BH. São músicas de energia diferente — ora mais íntimas, ora mais elétricas — e, tocadas com o violão em evidência, soam como reencontros com uma parte menos óbvia de sua obra.
Ao mesmo tempo, o coração do concerto seguiu firme no repertório que o consagrou com o Supertramp. Clássicos como Dreamer, Give a Little Bit, The Logical Song, Breakfast in America e Take the Long Way Home costumam aparecer como momentos de catarse, quando a banda abre espaço e a plateia assume as linhas que todo mundo sabe de cor. É aí que o carisma do cantor fala mais alto.
Para quem chegou pela nostalgia, a banda serve os arranjos com capricho, sem cair na caricatura. Para quem foi atrás de novidade, as inserções da carreira solo aparecem como uma chave: mostram o compositor por trás do hitmaker, o artesão de melodias que vão além da memória afetiva dos anos 70 e 80.
Setlist especial, preços e serviço
Os ingressos foram vendidos em lotes escalonados. No primeiro, os valores ficaram em R$ 160 (inteira) e R$ 80 (meia). No terceiro lote — já perto da data — os preços chegaram a R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia). As vendas aconteceram pela rede Ingresso Rápido no ponto do Shopping 5ª Avenida, na Rua Alagoas, 1.314, em Savassi. A classificação foi de 16 anos.
Quem acompanha turnês do artista sabe que ele gosta de montar setlists que conversam com a cidade. Em BH, essa combinação de hinos do Supertramp com escolhas da fase solo funcionou como assinatura. You Make Me Love You e Had a Dream ampliaram o leque, trazendo texturas que, de palco, ajudam a alternar intensidade e respiro entre os grandes sucessos.
Vale lembrar por que o nome dele segue com tanta força. Como cofundador do Supertramp, Hodgson escreveu e deu voz a canções que atravessam décadas. São melodias que grudam, letras que contam histórias e um timbre agudo reconhecível no primeiro verso. Essa soma explica por que a plateia de BH — de diferentes idades — aparece numerosa sempre que ele pinta por aqui.
No formato ao ar livre do Parque das Mangabeiras, a dinâmica muda até para quem já viu o show em teatros. O som se espalha, o público se move, e os refrões ganham volume coletivo. Com o violão conduzindo boa parte do repertório e os teclados acentuando as passagens mais emotivas, o set alterna delicadeza e impulso, sem perder o fio da conversa com a audiência.
Três passagens por uma mesma cidade dizem muito sobre o caminho que o artista constrói no Brasil. Em Belo Horizonte, isso ganhou contorno de tradição: a cada retorno, uma lembrança nova se soma às anteriores. Desta vez, a aposta em faixas da fase solo foi o aceno direto aos fãs que acompanham tudo de perto — um gesto simples, mas que reforça a parceria de longa data.
- Data e hora: sábado, 25 de outubro de 2014, às 19h
- Local: Parque das Mangabeiras — Av. José do Patrocínio Pontes, 580, Mangabeiras, BH
- Classificação: 16 anos
- Ingressos: 1º lote — R$ 160 (inteira) e R$ 80 (meia); 3º lote — R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia)
- Ponto de venda: Ingresso Rápido no Shopping 5ª Avenida (Rua Alagoas, 1.314, Savassi)
Entre memórias e descobertas, o show no Mangabeiras manteve viva a conexão de BH com um repertório que atravessa o tempo. No fim das contas, o que explica esse retorno frequente é simples: quando artista e público jogam juntos, a vontade de voltar vira parte do roteiro.
Sonne .
setembro 10, 2025 AT 15:21Esse show foi tipo um abraço sonoro no peito. Quando ele cantou Take the Long Way Home, todo mundo virou uma só voz. Ninguém precisou gritar, só respirou junto. Foi mágico.
De verdade, BH tem algo que outros lugares não têm. É como se o lugar soubesse exatamente o que o músico precisa ouvir pra voltar.
Bebel Leão
setembro 12, 2025 AT 10:38Eu tava lá, sentada na grama com um suco de maracujá e uma blusa de moletom que não combinava com nada. Mas não importa. Quando ele tocou Dreamer, o céu ficou rosa e eu chorei sem querer. A vida às vezes te dá esses momentos que nem precisa de palavras.
É tipo um filme que você não sabia que estava assistindo, mas o coração já sabia o roteiro.
Cristiano Siqueira
setembro 12, 2025 AT 22:35É incrível como um artista pode se tornar parte da identidade de uma cidade. Não é só música, é memória coletiva. O Parque das Mangabeiras virou um templo silencioso de conexão. A cada show, a gente reescreve um pouco da nossa história com essas melodias.
Se alguém me perguntar onde o rock ainda é humano, eu aponto pra BH. E pra Roger, que não esqueceu de onde veio o calor que o mantém vivo no palco.
Déborah Debs
setembro 14, 2025 AT 15:15Eu nunca tinha ouvido You Make Me Love You antes do show. E agora? É minha música de carro. Aquele momento em que ele pegou o violão e começou a tocar, o tempo parou. Não era só o som, era a intenção. Cada nota parecia dizer: ‘eu lembro de vocês’.
Isso não é show. É ritual. E BH é a igreja que ele escolheu pra rezar com a alma.
Thaís Fukumoto Mizuno
setembro 14, 2025 AT 18:42eu fui no show e não sabia que ele ia tocar had a dream... eu fiquei tipo ‘o que é isso?’ e depois fiquei tipo ‘por que eu nunca ouvi isso antes?’
acho que ele tá nos presenteando com pedaços da alma dele que ele não mostra em outros lugares. tipo, aqui ele não tá vendendo hit, ele tá contando segredo.
obrigada, roger. e obrigada, bh. vocês me fizeram sentir menos sozinha hoje.
Gabriel Bressane
setembro 15, 2025 AT 03:20É só um ex-Supertramp tocando em um parque. Não é um milagre. Não é um pacto místico. É marketing com nostalgia barata.
Se ele fosse um gênio, não precisaria voltar três vezes pra mesma cidade pra se sentir relevante.
Felipe Vieira
setembro 16, 2025 AT 10:36Todo mundo chora no Take the Long Way Home mas ninguém pergunta por que o cara tá sempre no mesmo lugar
Se ele é tão bom por que não toca em SP ou RJ com a mesma força
É só o público que quer se sentir especial
Tatiane Oliveira
setembro 17, 2025 AT 06:40Então o cara volta pra BH porque o público canta junto... mas e se o público só canta junto porque ele é o único que toca essas músicas há 40 anos?
É como se a cidade tivesse um vínculo com um retrato antigo e não com o homem vivo.
Eu adoro o som, mas tá virando museu ambulante.
Cassio Santos
setembro 18, 2025 AT 17:23Clássicos são clássicos por um motivo. Mas três shows na mesma cidade? Isso não é tradição. É falta de criatividade.
Samila Braga
setembro 20, 2025 AT 09:14Se você acha que é só nostalgia, então por que você não foi? Porque o que tá acontecendo aqui é mais que música.
É o encontro de alguém que ainda acredita em conexão real com o público. E BH é o único lugar que ainda responde com o coração, não só com o ouvido.
Luiz Pessol
setembro 21, 2025 AT 16:10Eu fui nos dois primeiros também. O setlist dessa vez foi melhor. Mas não sei se vale o preço do terceiro lote.
Daniel Vedovato
setembro 21, 2025 AT 22:39É impossível não reconhecer a profundidade dessa relação. Roger Hodgson não está apenas performando - ele está participando de um pacto silencioso entre arte e pertencimento. A cidade não o escolheu por acaso; ele escolheu a cidade por sua alma. E essa alma, em BH, não é apenas um público, é uma comunidade que respira junto com cada acorde.
Quando ele toca The Logical Song, não é só uma canção. É um espelho. Cada verso ecoa as escolhas que fizemos, os erros que carregamos, as esperanças que ainda não desistimos. E em meio ao verde da Serra do Curral, com o céu pintado de púrpura, ninguém está sozinho.
Isso não é turismo cultural. É terapia coletiva. E ele é o terapeuta que não precisa de diploma, só de voz e violão.
Se o mundo inteiro tivesse um lugar assim - onde música não é entretenimento, mas reverência - talvez não precisássemos de tantos psicólogos.
Parabéns, BH. Você não é só uma cidade. Você é um santuário sonoro. E Roger? Ele é o guardião que ainda vem, mesmo quando o mundo esquece.
Luan Henrique
setembro 23, 2025 AT 13:12Que belo exemplo de como a arte pode unir gerações. Roger não apenas canta - ele convoca. E BH responde com a mesma intensidade com que recebeu. Isso não é sorte. É mérito. Dele. E de nós.
Que mais artistas tenham a coragem de voltar, e que mais cidades tenham a sabedoria de acolher.