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Renascer leva oito atletas com deficiência à edição centenária da São Silvestre
Sobre a Renascer e o preparo dos atletas
A Associação Renascer, fundada em 2015 em São José do Rio Preto, tem como missão promover inclusão social por meio do esporte. Seu foco são adolescentes de baixa renda que vivem com deficiência e que, muitas vezes, não têm acesso a recursos de treinamento adequados. Em 2022, a associação fez sua estreia na São Silvestre, levando cinco jovens para competir na corrida de rua mais famosa do país.
Desde então, Bruno Valejo, educador físico responsável pelo programa, tem trabalhado intensamente com a nova turma. Os oito atletas que vão a São Paulo estão atualmente inseridos em uma rotina de treinos de 10 km nos percursos da cidade de Rio Preto. O método de Valejo combina preparação física, cuidados com a saúde e apoio psicológico, visando garantir que os jovens estejam prontos para enfrentar a distância de 15 km da prova centenária.
A diferença em relação à primeira experiência foi a inclusão de participantes que, em 2022, ainda eram menores de idade e não podiam concorrer. Agora, com a idade mínima atendida, eles podem representar a Renascer novamente, trazendo consigo a esperança de inspirar outras famílias da região.

A corrida centenária e o desafio logístico
A edição 2025 da São Silvestre marca o centenário da competição, criada em 1925 pelo jornalista Cásper Líbero. Mais de 50 mil corredores de todo o Brasil e do exterior deverão se alinhar na largada, que parte da icônica Avenida Paulista, em São Paulo, e segue por 15 km até a Praça da Sé. Para os oito jovens da Renascer, esse cenário representa não apenas um teste atlético, mas um marco histórico.
Para viabilizar a viagem, a associação lançou uma campanha de arrecadação que cobre todos os gastos: inscrições (cerca de R$ 200 por atleta), passagens de ônibus, hospedagem em hotel econômico e alimentação durante a estadia. A meta financeira foi estabelecida em R$ 30 mil, e até o momento, a comunidade local tem contribuído com doações, eventos beneficentes e apoio de empresas da região.
O cronograma da viagem está definido para o dia 30 de dezembro. Pela manhã, o grupo parte de Rio Preto rumo a São Paulo, onde recolherá os kits de corrida nas instalações da organização da prova. Após o check‑in no hotel, os atletas terão a noite livre para conhecer a cidade e repassar as estratégias da corrida com a equipe técnica.
No dia 31, cedo, os corredores se encontram na Avenida Paulista para a largada oficial. A presença de atletas com deficiência nas fileiras dos 50 mil participantes reforça a mensagem de inclusão que a Renascer vem construindo ao longo dos anos. O percurso exige resistência, controle de ritmo e adaptação às subidas e descidas típicas do trajeto urbano.
Após a prova, a equipe retornará imediatamente a Rio Preto, trazendo não só a experiência de ter corrido uma das maiores corridas de rua do mundo, mas também lições de superação que serão repassadas a outros jovens da comunidade. Valejo planeja, ainda, usar a vivência como base para futuras edições, ampliando o número de atletas atendidos e fortalecendo parcerias com empresas e órgãos públicos.
O impacto social do projeto vai além da linha de chegada. Cada atleta se torna um agente de mudança em sua família, demonstrando que barreiras físicas podem ser superadas com apoio adequado. As histórias de superação vêm sendo divulgadas nas escolas locais, incentivando outras crianças a participar de atividades esportivas.
Em paralelo, a Renascer tem trabalhado com a Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo para garantir que a infraestrutura de acessibilidade da corrida esteja em conformidade com as normas. A participação dos oito jovens será acompanhada por voluntários treinados para oferecer assistência caso necessário, assegurando que todos tenham condições de competir em igualdade de oportunidades.
Ao final da jornada, a expectativa é que a experiência fortaleça a identidade dos atletas como competidores e cidadãos ativos. A cobertura da mídia local, além do apoio nas redes sociais, deve ampliar a visibilidade da causa, incentivando outras associações a replicarem o modelo de inclusão esportiva.