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Calor extremo ameaça tenistas: Rune, Djokovic e Swiatek sofrem em Xangai e Wuhan
Entre 8 e 9 de outubro de 2025, a temperatura subiu até 34 °C com umidade perto de 80 % nos campos de Shanghai e Wuhan, transformando a disputa dos principais torneios da temporada em um verdadeiro teste de resistência.
O dinamarquês Holger Rune, número 11 do ranking da ATP Tour, precisou de toalhas de gelo e monitoramento de pressão arterial após sentir-se mal em sua partida no Shanghai MastersShanghai. "Alguém quer ver um jogador morrer em quadra?", ele questionou em tom de indignação.
Do outro lado, o sérvio Novak Djokovic, aos 38 anos e campeão de múltiplos Grand Slams, descreveu a atmosfera como "brutal" e chegou a vomitar durante o segundo set. Enquanto isso, a polonesa Iga Swiatek, número 2 do mundo, venceu confortavelmente em Wuhan OpenWuhan mas admitiu ter tido "sorte de não jogar nos piores dias".
A britânica Emma Raducanu, que chegou a 30ª no ranking da WTA, retirou‑se da partida contra a americana Ann Li após experimentar tonturas e solicitar exame de pressão sanguínea. Foi a primeira eliminação precoce dela desde março de 2025.
Contexto da turnê asiática
A sequência de torneios em Xangai (ATP 1000) e Wuhan (WTA 1000) costuma atrair os melhores nomes do tênis, pois oferece pontos preciosos para o final da temporada. No entanto, a região oriental da China costuma registrar ondas de calor intenso no começo de outubro, e os organizadores parecem ainda não ter ajustado os protocolos de forma eficaz.
Incidentes de calor nos jogos de Xangai
Além de Rune e Djokovic, outros jogadores relataram sintomas incapacitantes. O italiano Jannik Sinner sofreu cãibras severas e teve dificuldade para caminhar entre os pontos, enquanto o francês Giovanni Mpetshi Perricard disse que "parecia que ia morrer na quadra".
- Respiração ofegante
- Cãibras musculares
- Tontura e náusea
- Vômitos inesperados
- Risco de golpe de calor grave
O ATP Tour tem um comitê de segurança que acompanha temperatura e umidade em tempo real, mas a decisão final de interromper o jogo cabe ao supervisor local, que ainda não acionou nenhuma pausa oficial nas partidas de Xangai.

Desafios enfrentados em Wuhan
Em Wuhan, a situação não ficou muito diferente. A letã Jelena Ostapenko sofreu um golpe de calor que a fez parar de jogar. O alemão Alexander Zverev chegou a encharcar seus tênis de suor, e o russo Aryna Sabalenka brincou que "se Djokovic vencer em Xangai será culpa minha", lançando indireta à condição climática.
Visando proteger os atletas, a WTA permite agora uma pausa de 10 minutos ao final do segundo set quando o índice de temperatura úmida supera 30 °C. Essa regra foi justamente usada por Raducanu para solicitar atendimento médico e, eventualmente, abandonar a partida.
Reações das organizações e propostas de mudança
Depois da enxurrada de reclamações, a ATP está considerando adotar um sistema de interrupções obrigatórias semelhante ao dos Grand Slams, algo que Rune defende em busca de "uniformidade global". Já a WTA, pressionada por jogadores como Swiatek, estudará a ampliação das pausas de calor e a instalação de tetos retráteis nas quadras centrais, medida já adotada em alguns estádios de Xangai.
Especialistas em medicina esportiva alertam que o calor extremo pode evoluir rapidamente para condições de vida‑ameaça. O professor Luis Fernández, da Universidade de São Paulo, explicou que "a combinação de alta temperatura e alta umidade reduz drasticamente a capacidade de evaporação do suor, sobrecarregando o sistema cardiovascular".

Perspectivas para os próximos torneios
As previsões meteorológicas apontam que a onda de calor deve permanecer nas próximas duas semanas, o que significa que o próximo ATP 1000 em Paris e o WTA 1000 em Torino enfrentarão desafios semelhantes. Se as entidades não reajustarem rapidamente os protocolos, mais baixas de desempenho e até abandono de partidas podem se tornar rotina.
Para os fãs, a lição é clara: o "inimigo inesperado" dessa turnê asiática não é mais apenas o adversário, mas o próprio clima. Resta agora acompanhar se as mudanças propostas serão suficientes para garantir a saúde dos atletas sem sacrificar a competitividade.
Perguntas Frequentes
Como o calor afeta o desempenho dos tenistas?
Temperaturas acima de 30 °C combinadas com alta umidade reduzem a capacidade de resfriamento do corpo, provocando cãibras, tontura e até risco de golpe de calor, o que diminui a resistência e a precisão nos golpes.
Quais medidas a ATP está avaliando?
A ATP quer instituir pausas obrigatórias em pontos críticos de calor, similar ao protocolo dos Grand Slams, além de melhorar a comunicação com comitês médicos locais para intervenções mais rápidas.
A WTA já tem regras para calor extremo?
Sim. A WTA permite uma pausa de 10 minutos ao final do segundo set quando o índice de temperatura úmida ultrapassa 30 °C. Jogadores como Emma Raducanu usaram esse recurso para buscar avaliação médica.
Quem são os principais afetados pelos episódios de calor?
Além dos top‑10, como Holger Rune, Novak Djokovic, Iga Swiatek e Emma Raducanu, jogadores de ranking médio também sofreram, como Jelena Ostapenko e Alexander Zverev, indicando que o problema é generalizado.
O que podemos esperar nos próximos torneios?
Com a continuação da onda de calor na Ásia, é provável que mais partidas sejam interrompidas ou que atletas solicitem retiradas. A pressão sobre ATP e WTA deve crescer para garantir protocolos mais rígidos.
Thalita Gonçalves
outubro 10, 2025 AT 03:48É lamentável que a comunidade do tênis se mobilize apenas em torno de questões técnicas quando problemas de saúde pública são impostos por decisões organizacionais negligentes.
A recente onda de calor nos torneios asiáticos demonstra que a ATP e a WTA ainda operam sob a ilusão de que o espetáculo justifica a exposição dos atletas a condições ambientais potencialmente letais.
Ao contrário da narrativa otimista difundida pelos meios esportivos, a realidade é que ao priorizar pontos e audiência, os dirigentes colocam em risco a vida de jogadores como Holger Rune e Novak Djokovic.
Tal postura reflete, evidentemente, um desrespeito profundo pelas normas de segurança que deveriam ser universais e não negociáveis.
É inadmissível que, em pleno século XXI, ainda tenhamos que lutar por pausas obrigatórias de calor como se fossem concessões extraordinárias.
A proposta da ATP de adotar um sistema similar ao dos Grand Slams é, na verdade, um gesto tardio que sublinha a ausência de planejamento estratégico preventivo.
Além disso, a sugestão de tetos retráteis em quadras centrais não resolve o problema fundamental da localização dos eventos em períodos de clima extremo.
Os recursos financeiros poderiam ser melhor empregados na relocação de torneios para regiões climaticamente mais amenas durante aquela faixa do ano.
Ignorar as evidências científicas apresentadas por especialistas como o professor Luis Fernández demonstra arrogância institucional.
Os atletas, cujas carreiras dependem de sua integridade física, merecem protocolos que garantam a mitigação de riscos, não meras promessas de “ajustes futuros”.
É preciso reconhecer que a pressão comercial tem sido o motor que impulsiona decisões irresponsáveis, sacrificando a saúde em nome de patrocínios e audiências televisivas.
Portanto, a comunidade internacional do tênis deve exigir transparência total nas avaliações de risco e responsabilizar os organizadores por eventuais danos.
Esta não é uma questão de preferência pessoal, mas um imperativo ético que transcende nacionalidades e lealdades clubísticas.
Ao adotar uma postura confrontadora e coerente, os jogadores podem forçar mudanças estruturais que beneficiem as futuras gerações.
Em suma, a resposta deve ser firme, baseada em evidências e livre de concessões que perpetuem a vulnerabilidade dos atletas.